Ás armas...

Discussion in 'Warbirds Portunhol' started by Natedo, Jul 14, 2006.

  1. Natedo

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    Ás armas...

    Entrevista concedida ao Jornal O Globo por "Marcola"...

    >> JG - "Você é do PCC?"
    - Mais que isso, eu sou um sinal de novos tempos. Eu era
    pobre e invisível... vocês nunca me olharam durante décadas...
    E antigamente era mole resolver o problema da miséria... O
    diagnóstico era óbvio: migração rural, desnível de renda, poucas
    favelas, ralas periferias...
    A solução é que nunca vinha.... Que fizeram? Nada. O governo
    federal alguma vez alocou uma verba para nós? Nós só apareciamos
    nos desabamentos no morro ou nas músicas românticas sobre a "beleza
    dos morros ao amanhecer", essas coisas...
    Agora, estamos ricos com a multinacional do pó. E vocês
    estão morrendo de medo... Nós somos o início tardio de vossa
    consciência social... Viu? Sou culto... Leio Dante na prisão...

    >> JG - Mas... a solução seria...
    - Solução? Não há mais solução, cara... A própria idéia de
    "solução" já é um erro. Já olhou o tamanho das 560 favelas do Rio?
    Já andou de helicóptero por cima da periferia de São Paulo? Solução
    como? Só viria com muitos bilhões de dólares gastos
    organizadamente, com um governante de alto nível, uma imensa
    vontade política, crescimento econômico, revolução na educação,
    urbanização geral; e tudo teria de ser sob a batuta quase que de
    uma "tirania esclarecida", que pulasse por cima da paralisia
    burocrática secular, que passasse por cima do Legislativo cúmplice
    (Ou você acha que os 287 sanguessugas vão agir? Se bobear, vão
    roubar até o PCC...) e do Judiciário, que impede punições. Teria de
    haver uma reforma radical do processo penal do país, teria de haver
    comunicação e inteligência entre polícias municipais, estaduais e
    federais (nós fazemos até conference calls entre presídios...) E
    tudo isso custaria bilhões de dólares e implicaria numa mudança
    psicossocial profunda na estrutura política do país. Ou seja: é
    impossível. Não há solução.

    >> JG - Você não têm medo de morrer?
    - Vocês é que têm medo de morrer, eu não. Aliás, aqui na
    cadeia vocês não podem entrar e me matar... mas eu posso mandar
    matar vocês lá fora... Nós somos homens-bomba. Na favela tem cem
    mil homens-bomba... Estamos no centro do Insolúvel, mesmo... Vocês
    no bem e eu no mal e, no meio, a fronteira da morte, a única
    fronteira. Já somos uma outra espécie, já somos outros bichos,
    diferentes de vocês. A morte para vocês é um drama cristão numa
    cama, no ataque do coração... A morte para nós é o presunto diário,
    desovado numa vala... Vocês intelectuais não falavam em luta de
    classes, em "seja marginal, seja herói"? Pois é: chegamos, somos
    nós! Ha, ha... Vocês nunca esperavam esses guerreiros do pó, né? Eu
    sou inteligente. Eu leio, li 3.000 livros e leio Dante... mas meus
    soldados todos são estranhas anomalias do desenvolvimento torto
    desse país. Não há mais proletários, ou infelizes ou explorados. Há
    uma terceira coisa crescendo aí fora, cultivado na lama, se
    educando no absoluto analfabetismo, se diplomando nas cadeias, como
    um monstro Alien escondido nas brechas da cidade. Já surgiu uma
    nova linguagem. Vocês não ouvem as gravações feitas "com
    autorização da Justiça"? Pois é. É outra língua. Estamos diante de
    uma espécie de pós-miséria. Isso. A pós-miséria gera uma nova
    cultura assassina, ajudada pela tecnologia, satélites, celulares,
    internet, armas modernas. É a merda com chips, com megabytes.
    Meus comandados são uma mutação da espécie social, são
    fungos de um grande erro sujo.

    >> JG - O que mudou nas periferias?
    - Grana. A gente hoje tem. Você acha que quem tem US$40
    milhões como o Beira-Mar não manda? Com 40 milhões a prisão é um
    hotel, um escritório... Qual a polícia que vai queimar essa mina de
    ouro, tá ligado? Nós somos uma empresa moderna, rica. Se
    funcionário vacila, é despedido e jogado no "microondas"... ha,
    ha... Vocês são o Estado quebrado, dominado por incompetentes. Nós
    temos métodos ágeis de gestão. Vocês são lentos e burocráticos. Nós
    utamos em terreno próprio. Vocês, em terra estranha. Nós não
    tememos a morte. Vocês morrem de medo. Nós somos bem armados. Vocês
    vão de três-oitão. Nós estamos no ataque. Vocês, na defesa. Vocês
    têm mania de humanismo. Nós somos cruéis, sem piedade. Vocês nos
    transformam em superstars do crime. Nós fazemos vocês de palhaços.
    Nós somos ajudados pela população das favelas, por medo ou por
    amor. Vocês são odiados. Vocês são regionais, provincianos. Nossas
    armas e produto vêm de fora, somos globais. Nós não esquecemos de
    vocês, são nossos fregueses. Vocês nos esquecem assim que passa o
    surto de violência.

    >> JG - Mas o que devemos fazer?
    - Vou dar um toque, mesmo contra mim. Peguem os barões do
    pó! Tem deputado, senador, tem generais, tem até ex-presidentes do
    Paraguai nas paradas de cocaína e armas. Mas quem vai fazer isso? O
    Exército? Com que grana? Não tem dinheiro nem para o rancho dos
    recrutas... O país está quebrado, sustentando um Estado morto a
    juros de 20% ao ano, e o Lula ainda aumenta os gastos públicos,
    empregando 40 mil picaretas. O Exército vai lutar contra o PCC e o
    CV? Estou lendo o Klausewitz, "Sobre a guerra". Não há perspectiva
    de êxito... Nós somos formigas devoradoras, escondidas nas
    brechas... A gente já tem até foguete antitanques... Se bobear, vão
    rolar uns Stingers aí... Pra acabar com a gente, só jogando bomba
    atômica nas favelas.... Aliás, a gente acaba arranjando também
    "umazinha", daquelas bombas sujas mesmo... Já pensou? Ipanema
    radioativa?

    >> JG - Mas... não haveria solução?
    - Vocês só podem chegar a algum sucesso se desistirem de
    defender a "normalidade". Não há mais normalidade alguma. Vocês
    precisam fazer uma autocrítica da própria incompetência. Mas vou
    ser franco... na boa... na moral... Estamos todos no centro do
    Insolúvel. Só que nós vivemos deles e vocês...não têm saída. Só a
    merda. E nós já trabalhamos dentro dela Olha aqui, mano, não há
    solução. Sabem por quê? Porque vocês não entendem nem a extensão do
    problema. Como escreveu o divino Dante:


    "Lasciate ogna speranza voi che entrate!"
    Percam todas as esperanças. Estamos todos no inferno.

    Ás armas senhores...

    Hotsea
     
    Last edited: Jul 14, 2006
  2. Sonic

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    Re: Ás armas...

    Você tem o link da notícia?
     
  3. Natedo

    Natedo Well-Known Member

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    Re: Ás armas...

    Sonic recebi esta informação no email da empresa ( qual trabalho ).. o autor do email teve a imbecilidade de não postar fonte ( url ). Sei q foi no jornal "O GLOBO" mas desconheço o link :(
     
  4. ppedott_vibora

    ppedott_vibora Well-Known Member

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  5. ppedott_vibora

    ppedott_vibora Well-Known Member

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  6. Vlamik

    Vlamik Well-Known Member

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    Re: Ás armas...

    Bem, uma coisa é certa: já tenho candidato pra outubro...:D
     
  7. bandeirante

    bandeirante Well-Known Member

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    Re: Ás armas...

    È, 500anos de incompetência da elite dá nisso, não adianta a elite se fechar nos condomínios, uma hora a miséria vai pular o muro, e acho que já está acontecendo.
     
  8. Saddan

    Saddan Well-Known Member

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    Re: Ás armas...

    A solução é o trabalhador digno se organizar em milicias populares...
     
  9. gunitz

    gunitz Well-Known Member

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    Re: Ás armas...

    concordo com o saddam!